Eu sempre tento enxergar as coisas pelo lado bom, mas não consigo encontrar esse tal lado durante nossas eleições municipais. É mais do que ojeriza. Dá raiva, tristeza e até certa vergonha. Tudo ao mesmo tempo.
A época de eleição deveria ser o momento de exercermos a democracia, ouvirmos os candidatos e analisarmos propostas. Deveria ser o momento de discutirmos políticas em prol de um bem comum maior, em detrimento de vantagens pessoais ou meia dúzia de facilidades para uns e outros.
Porém, nada disso acontece. Não há resquício de qualquer processo democrático (sequer de algo que remeta-nos a ele), nem sombra de ética ou mesmo bom senso. Os candidatos não sabem o que dizer e nem têm o que dizer. Aliás, eles seriam muito mais úteis se fossem todos mudos. Mas, pro nosso azar, os caras falam, e como falam merda, caminhões de merda. Não conhecem sequer as funções do cargo público a que concorrem. São ignorantes e vazios. E, ao falar, as vísceras de sua ignorância são expostas. Sem nenhum pudor (e até com certo orgulho, e isso é o que mais assusta), destilam seus discursos verborrágicos por todos os cantos, na intenção de encontrarem pessoas que apoiem suas pretensões imorais e devaneios.
Por esta razão, eis que a tristeza cai sobre mim: o candidato que, por razões óbvias, não mereceria qualquer atenção dos eleitores, arrasta multidões. Porra, essa mesma multidão clama por mudanças. Mas como pode haver mudanças? Não dá para conceber um candidato que desfila em pé na carroceria de um carro sendo seguido por um bando de motoqueiros (todos sem capacete) fazendo buzinaço, azucrinando e tumultuando vários bairros da cidade. Não dá para conceber um candidato que faz coligações escusas e, ainda assim, aparece sorrindo nas fotos. Não dá para conceber um candidato que não declara todos os bens que possui. Não dá pra conceber um candidato que não tem projeto claro de campanha. Daí, eu me pergunto: se os candidatos não respeitam condutas éticas, o que esperar desse sujeito quando for eleito? E vou ficar nestes exemplos somente. Há coisas bem piores.
A eleição é uma bagunça, um circo, que faz de nós os palhaços. É na nossa cara que tacam as tortas. É de nós que eles riem no final. E tudo isso é feito debaixo de nossos narizes, com o nosso consentimento, dentro de um processo pseudo-democrático que lembra, e muito, a república do café com leite, elegendo e reelegendo seus barões.
Mageenses, não há candidatos, não há propostas, não há nada além de um bando de picaretas tentando se dar bem às custas do erário público.
Diante disso, você me pergunta: O que fazer?
Eu respondo: Pra começar, façamos absolutamente nada! Não apoiemos, não votemos. Depois, exerçamos nosso dever de cidadão. Conheçamos nossos candidatos, os cargos para os quais haverá pleito e as funções de cada cargo. Em seguida, comparemos as funções e candidatos com os discursos proferidos. Votemos somente após concluirmos que as propostas condizem com o cargo, com o candidato e com as necessidades do nosso município.
Vamos por um pouco de juízo em nossas cabeças mageenses. E para quem acha que política é assim mesmo, assim foi e assim sempre será, eu gostaria de ressuscitar uma palavra há muito esquecida: utopia!
Tal cena tão recente não seria possível numa democracia